terça-feira, 12 de outubro de 2010

O Ensino na UTI


Amigos leitores, a experiência de 15 anos na área acadêmica me possibilitou algumas reflexões que gostaria de dividir com cada um de vocês já que a grande maioria é de professores e estudantes.

O ensino hoje passou a ser um “GRANDE NEGÒCIO”! A qualidade, a preocupação com o conhecimento, com a informação e o aprendizado, ficou para segundo plano. Alguns poderão corretamente contextualizar esta afirmação, mas, existem as exceções, claro que existem alunos e professores determinados e comprometidos, mas, antes de qualquer réplica por parte de alguns, fica aqui o meu reconhecimento de que realmente existem profissionais e alunos diferenciados, então estes não se sintam magoado, entendam o que escrevo é uma pura realidade do ensino moderno.

Vamos aos fatos: Alguns dos cursos é bom ratificar que não são todos, mas, a pequena minoria repito, possuem em seus quadros professores sem a mínima condição de ministrar qualquer das disciplinas apresentadas e para surpresa lá estão. Cursos importantes da área comercial é um grande exemplo disto, o que existe é um verdadeiro “ENCONTRO ENTRE AMIGOS”, ou seja, sou o amigo do coordenador e consigo um módulo ou uma disciplina para ministrar.

O problema se inicia já na Graduação, onde determinadas disciplinas como Marketing, Vendas, Gestão de Negócios, Gestão Empresariais entre outras, qualquer professor se julga habilitado a ministrá-la, pega o livro do Kotler decora algumas partes e vem para sala de aula sem o mínimo preparo, alguns pegam a própria apresentação do Kotler e nada mudam, apresentam do jeito que está. Pergunto a vocês amigos leitores: Este profissional possui a expertíse para debater com seus alunos o que são Canais de Distribuição e como se implementam? Como se realiza uma Previsão de Vendas? Como realizar ações de Merchandising no PDV? Como fazer processos de segmentação? O que são Trade Marketing? Gerenciamento de categoria?
Aqueles que responderam NADA acertaram. Mas estão aí dando aula.

Profissionais que nunca trabalharam em uma organização, alguns tiveram bolsa de estudo paga por cada um de nós contribuintes, fizeram Mestrado, Doutorado, Pós Doutorado aqui ou no estrangeiro e não sabem o que é um chão de fábrica, mas são Doutores, estão no Olimpo e acima do bem e do mal e o pior é que o MEC avalia as Universidades pelo número de Doutores e Mestres, que na verdade não sabem nada e não passam nada pratico para os alunos, somente suas teorias. Alguns professores não estando qualificados, ou não apresentando um nível de conhecimento pleno sobre o assunto a ser abordado, como pode transmitir seus conhecimentos aos alunos?

Aí o que vemos: Aquele professor que reprova o aluno por 0,1 ou 0,2 ou 0,3, para defender-se de sua incompetência, apresenta uma austeridade impar e todos comentam: Olha cuidado com aquele professor, ele é fogo, ele reprova mesmo. Amigos estamos diante de um quadro interessante, alguns professores são nomeados Coordenadores, sem nunca terem qualquer tipo de experiência anterior, criam um feudo e o que temos uma troca de favores, você ministra aulas no meu curso, eu ministro no teu, nos arrumamos nossas grades e vida que segue afinal estes alunos não sabem nada mesmo.

Quando o aluno que não teve o preparo nescessário na Graduação, vai para a Pós Graduação, aí é que complica tudo. Vejo professores que se quer trabalharam na área, ministrando aulas de Pesquisa de Mercado, Adminsitração de Vendas, Promoção de Vendas, Comportamento do Consumidor, Gerência de Produto, Gerência de Serviço entre outras tantas disciplinas de acordo com a grade curricular de cada uma das Iinstituições de ensino.

Você poderá me contextualizar dizendo que: nem sempre um grande treinador de futebool foi um grande jogador e eu serei obrigado a concordar com você, temos como exemplo Parreira, Felipão, Luxemburgo que nunca foram grandes jogadores, foram até medíocres e alguns nunca jogaram como Parreira e tiveram sucesso em suas carreiras. Poderá também indagar que houve grandes jogadores que nunca foram grandes técnicos, o Zico, Maradona, Bebeto, mas, rebaterei e direi para cada um que, houve grandes jogadores que foram grandes treinadores Zagallo, Franz Beckenbauer e Johan Cruyff.
O que quero dizer com isto, se podemos associar o talento do craque com o conhecimento do treinador teremos alunos que receberão o aprendizado com quem fez. 

Sei bem o que estou falando, já na década de 90 quando cursava um grande MBA de nossa cidade, de renome internacional, tínhamos este cenário, ou seja, o Professor de Administração de Vendas trabalhava na área de Recursos Humanos em uma empresa de limpeza pública da cidade do Rio de Janeiro. Tivemos outro que já na sua apresentação a turma informou que trabalhou em tres grandes empresa, mas, estas grandes empresas quebraram, você leitor sabe qual era a disciplina que ele veio nos ensinar; Planejamento Estratégico, aí um dos alunos perguntou: O tipo de Planejamento Estratégico que você veio nos ensinar é o mesmo das empresas que por onde passou?
Ambos eram amigos do coordenador, na década de 90, hoje o processo se modernisou ainda mais.

Vejam estou falando de um MBA de cerca de R$ 22.000,00, não estou nem abordando ao Pós ou o MBA de uma pequena Instituição, pois é assim que hoje o ensino se transformou em um grande negócio, onde os amigos se perpetuam nos cargos e não deixam oportunidades para quem realmente entende e pode se transformar em um multiplicador de conhecimento.  

A grande parcela de culpa é também dos alunos, observamos na Graduação, aqueles que querem se formar sem nunca terem comprado um livro ou tirado cópia de uma única apostila, que no dia da prova pergunta ao professor o seu nome e o da disciplina e o pior não querem nota abaixo de 8.0. Este grupo quando chega à Pós Graduação é ainda pior, pois, nem caneta leva, assina as pautas com as canetas de algum companheiro. Não participam das aulas, não fazem trabalho, faltam, chegam atrasados e pertubam aula. 
Quando escrevo isto você leitor poderá pensar que estou falando do maternal, não, é de curso de Pós Graduação, alunos que nada querem que ficam brincando durante as aulas, não satisfeitos procuram mais e mais participantes para todos de mãos dadas irem para o buraco. São estes que irão buscar oportunidades no mercado de trabalho, receberão o diploma, mas, irá pendurar na parede ou guardar na gaveta de algum móvel, não possuem o conhecimento, conseguiram o diploma, mas, o mais importante ficou para trás o aprendizado.
Agora alguns Pedagogos descobriram a revolução do Ensino, a ferramenta mais importante deste século XXI, o ENSINO A DISTÃNCIA (EAD). Bem amigos me desculpem a franqueza, se já presencial o aluno nada sabe, imagina agora à distância. Imagina aprender Financeira ou Penal ou outra disicplina qualquer a distância. A coisa ainda piora, se é que tem ainda mais para piorar, com os professores alocados para estas disciplinas, mais despreparados do que o presencial, porém, aí voltamos ao “ENCONTRO ENTRE AMIGOS”. São amigos do coordenador, carga horária garantida. 
Pra não dizer que não falei das rosas, TEMOS AQUI ALGUMAS SUGESTÕES DE MELHORIA: O papel do professor torna-se importante pelo que desempenha, seja como um educador, seja como um formador de opinião; pois, além dos conteúdos passados aos seus alunos deve gerar meios para que os mesmos desenvolvam competências que venham a ajudá-los nas tarefas que desempenham no seu dia a dia. Cabe ao professor entender que sua responsabilidade ultrapassa as tarefas pedagógicas, penetrando nas ligações com a família e a sociedade.
Deve de existir, entre aluno e professor, certa expectativa sobre os respectivos desempenhos que ambos terão no decorrer do período letivo ou nos módulos de Pós Graduação. O Professor, na sua relação com o aluno, estimula e ativa o interesse do aluno em aprender. Cabe ao Professor aplicar sua habilidade, seus conhecimentos, usar sua sensibilidade, e bom senso na orientação da aprendizagem e na direção da classe. É dever de o Professor identificar o que o aluno gosta, e aumentar sua motivação para o aprendizado. Mais do que nunca o Professor deve sentir prazer no que faz, utilizar métodos pedagógicos de fácil entendimento, aumentar a auto-estima do aluno, além de criar tarefas que o desafie a buscar novos conhecimentos.
O grande desafio do educador é conseguir transformar a sala de aula em um processo de total interação entre seus membros, onde todos terão a oportunidade de colocar suas considerações de forma disciplinada – um de cada vez, para que todos possam expressar suas idéias, e ao seu término o conhecimento ter apresentado um ganho. Cabe ao professor coordenar trabalhos em grupos, dinâmicas, jogos de negócios, para que os participantes se interajam, concordem ou contextualizem com cada tema apresentado. Ouvir os alunos, sempre valorizando e estimulando a participação, procurando acabar com o receio do aluno de cometer um erro e ser o alvo de piadas por parte dos demais componentes, mostrando que só erra quem faz ou quem tenta.
E os alunos: É necessário que aja por parte do aluno um alto grau de comprometimento e determinação para os estudos diários em casa, as pesquisas via internet, trabalho de campo e a leitura dos livros recomendados pelos professores. Algumas turmas tomam a iniciativa e criam um grupo de estudo, onde os seus componentes se interagem diariamente com artigos, sala de bate papo e casos pertinentes a cada uma das disciplinas estudadas. Estes alunos estão criando diferencial e alguns degraus acima dos outros.
Assim poderemos retirar o Ensino da UTI e colocá-lo no quarto, para depois dar sua alta e ele possa caminhar sozinho.

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